24/10/2016

Aleatoriedades: a língua inglesa

Hallo, Kinder! Como vão vocês? Cá estou novamente, agora antes do que o esperado -q. Ainda tenho alguns trabalhos para fazer e uma prova por vir, mas consegui vir aqui e dedicar um pouco do meu tempo para não deixar o blog ficar poeirento como esteve durante os últimos tempos. Tenho dado um jeito de organizar melhor as coisas por aqui, o que é muito bom. Enfim, deixando todas essas enrolações de lado, vamos ao que interessa a todos nós aqui: a postagem!
Dessa vez decidi arriscar um pouco e trouxe uma postagem um tanto quanto diferente para um blog do tipo do UNA, contando um pouco sobre um dos idiomas mais falados do mundo: a língua inglesa. Falarei sobre a história dessa língua e alguns fatos, enfim, essa será basicamente uma postagem de curiosidades, só que com mais texto ao invés de algo em formato de listas -q. Espero que gostem dessa ideia diferente que decidi trazer para cá e, é claro, espero que tenham uma excelente leitura!

Alguns status atuais
Alguns países anglófonos: Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Bom, o inglês é uma língua grandemente utilizada em todo o globo. Esta é a língua nativa de algo entre 340 e 400 milhões de pessoas ao redor do mundo (isso são dados de 2006, retirados da linda Wikipedia), sendo que aproximadamente seiscentas a setecentas mil pessoas também a falam como uma língua não-primária. O inglês também é a língua oficial de sessenta e sete países (mais vinte estados não-soberanos) e é também a língua oficial de instituições como a ONU. 

A classificação
Classificação do inglês

O inglês, além de ser uma língua indo-europeia (que é basicamente um tronco linguístico enorme e que contém línguas como o latim, hindi e persa, por exemplo), é considerado também um membro do subgrupo das línguas germânicas -o grupo das línguas dos povos germânicos ah não me diga-, juntamente com outras línguas que têm gramática e até mesmo palavras parecidas (como por exemplo o alemão) e que, ainda por cima, tem uma origem em comum: todas as línguas germânicas vieram de um proto-idioma (assim como todas as línguas indo-europeias), o hipotético proto-germânico. Sim, o inglês também é uma língua germânica assim como o holandês, norueguês e outras, mesmo que ela aparente ser tão diferente delas em diversos aspectos, principalmente se formos olhar a pronúncia e o vocabulário, ou até mesmo algumas peculiaridades como o verbo auxiliar do

Por que o inglês é uma língua "diferente"?
Sempre estive me perguntando isso durante um bom tempo mesmo, afinal, se o inglês é uma língua germânica, por que ela tem essas peculiaridades e coisas interessantes? Por que ela parece algum tipo de "bagunça linguística"? Bem, a resposta para tudo isso está na história da língua e, consequentemente, na história de seus falantes ao longo do tempo. O inglês esteve evoluindo num período de tempo enorme, esteve exposto à diversas influências e mudanças que o moldaram para tal como o conhecemos hoje em dia, assim como qualquer outra língua.

O inglês antigo
O inglês antigo (Ænglisc), que também pode ser chamado de anglo-saxão, é uma das formas mais antigas da língua inglesa, a qual foi trazida pelos anglo-saxões provavelmente em algum momento do século quinto (d.C.) à Grã-Bretanha. Essa forma antiga do inglês é bastante diferente mesmo da que temos hoje, tanto até que falantes nativos da língua inglesa moderna que quiserem aprender anglo-saxão terão que estudar bastante, como se estivessem a aprender qualquer outra língua. Aqui em baixo tem um pequeno exemplo escrito da língua, que tirei do prólogo do Beowulf (que é o épico mais antigo da língua inglesa).

"Hwæt! We Gardena in geardagum,
þeodcyninga, þrym gefrunon,
hu ða æþelingas ellen fremedon. [...]"

Diferença I: o léxico
O inglês antigo tem muitas palavras de origem germânica, diferentemente da língua inglesa moderna, que possui diversas palavras emprestadas de outras línguas (principalmente do francês). Há algumas palavras que podem ser compreendidas em inglês antigo porque sobreviveram de certa forma na língua inglesa moderna -com mudanças na pronúncia e na escrita, mas dá pra entender-, como por exemplo a palavra freond, que é a forma em inglês antigo da palavra friend, amigo. Também há muitas palavras mesmo que não são entendíveis sem ter a tradução, pois como foi dito antes, o inglês antigo tem um léxico bem diferente da sua forma atual e talvez isso seja mais uma coisa que faz com que o anglo-saxão seja uma língua que requere bastante estudo, mesmo para um falante da língua inglesa atual. Um exemplo de palavra que não daria para saber o significado é a palavra ferhð, que em inglês moderno pode ser traduzido como spirit (espírito) ou mind (mente).

Diferença II: a pronúncia
Bom, como já é de se imaginar de uma forma muito antiga de uma língua, a pronúncia é bem diferente da que temos hoje. Digamos que a língua inglesa antiga soava muito mais germânica do que nos dias atuais -q. Os sons são bem diferentes dos que temos hoje, tanto até que temos umas coisas que chegam a ser de certa forma surpreendentes (tipo a letra r sendo pronunciada "rolada", uma coisa que não existe em certos dialetos da língua inglesa atualmente). Tentar explicar escrevendo é meio difícil, então aqui tem um vídeo onde tem o inglês antigo sendo falado (esse vídeo me assusta um pouco -q):


Diferença III: A gramática
A gramática do anglo-saxão é bem diferente da língua inglesa moderna (bem diferente mesmo), sendo bem mais complexa e com mais diferenças se a compararmos com a forma atual da língua. Podemos dizer que o anglo-saxão tem uma gramática mais próxima a da língua alemã, por exemplo. Decidi listar item por item "diferente" da gramática inglesa antiga, para ter mais detalhes e também porque eu amo gramática -q 

Gêneros gramaticais
Assim como na língua portuguesa, o inglês antigo costumava ter aquela maravilha que chamamos de gênero gramatical: dar um certo gênero à substantivos comuns, atribuindo coisas como um artigo ou terminação que designam se algo como um objeto é feminino ou masculino (tipo o chinelo, a panela). O anglo-saxão, assim como a língua alemã atual, possuía três diferentes gêneros gramaticais: o feminino, masculino e o neutro. Esses três gêneros iriam influenciar na declinação de uma dada palavra em um certo caso gramatical (que eu vou falar sobre daqui a pouco). Por exemplo, a palavra Sol em anglo-saxão é feminina (sēo sunne), enquanto a palavra Lua (se mōna) é masculina e a palavra para esposa/mulher (þæt wīf) é neutra. Dá para comparar isso com a língua alemã, como por exemplo: die Reinigung (a limpeza - feminino), der Himmel (o céu - masculino) e das Kind (a criança - neutro). Vale lembrar que também havia o gênero natural (que ainda existe na língua inglesa de certa forma, com os artigos he e she), que diz respeito a pessoas e que não precisa ser lá muito explicado -q.

Casos gramaticais
Eu, quando fui confrontada por casos gramaticais pela primeira vez na vida -q

E chegamos numa das partes mais legais dessa joça linda que era o anglo-saxão: os casos gramaticais! Esses casos (que são o demônio em línguas como o alemão) são uma coisa bem comum em muitas línguas da Europa, sejam elas indo-europeias ou não: o latim (indo-europeu) costumava ter isso, o finlandês (urálico) tem uns trocentos casos gramaticais e o irlandês (que é a língua do caos e da destruição, uma bagunça mortal que me dá medo) também tem essa maravilha, por exemplo. Enfim, os casos gramaticais são "coisas" que mudam a forma de uma palavra ou artigo de acordo com a sua função em uma determinada frase e o anglo-saxão costumava ter cinco deles, que são os abaixo:

Nominativo - Esse aqui é o caso do sujeito. O nominativo diz quem é o sujeito em uma determinada frase, por exemplo se cyning (o rei) está no nominativo.
Acusativo - É o caso dos objetos diretos, ou seja, é o termo que recebe a ação expressa pelo verbo transitivo (não tem preposição, como por exemplo "aos soldados"). É o paciente da ação, onde o agente seria o sujeito. Por exemplo na frase Æþelbald lufode þone cyning (Æþelbald amava o rei), onde Æþelbald é o sujeito e cyning é o objeto.
Genitivo - Esse é o caso que denota possessão, como por exemplo na frase þæs cyninges scip (a embarcação do rei), cyning está na forma genitiva, cyninges. "De quem é a embarcação? Do rei."
Dativo - Esse é o caso do objeto indireto, que basicamente expressa para quem ou o que uma ação do verbo transitivo ou intransitivo recai. Por exemplo, na frase Hringas þæm cyninge (anéis para o rei), a palavra cyning está em sua forma dativa, cyninge.
Instrumental - Esse caso é o caso que denota algum instrumento utilizado para realizar alguma ação e ele de certa forma se juntou bastante com o dativo, tanto até que ele só se distingue do caso anterior em pronomes e adjetivos fortes. Para exemplificar, na frase Lifde sweorde (ele viveu pela espada), a palavra sweord está em sua forma instrumental, sweorde.

Além de declinar de acordo com a função de um determinado substantivo na frase, vale lembrar também que o inglês antigo declina de acordo com o número também: há as formas singular e plural. E ah, algumas coisas dos casos gramaticais ainda permanecem vivas de certa forma no inglês atual, como podemos ver em pronomes como he, que pode ser him e his, por exemplo.

Forte e fraco, weak and strong 

Adjetivos - Assim como os substantivos, os adjetivos também irão declinar de acordo com o caso gramatical e o número, então também há desinências que serão alteradas neles de acordo com essas coisas. No inglês antigo podemos separar estes adjetivos em "fortes" e "fracos", mas isso é apenas uma forma de melhor saber quais terminações utilizar. 

Substantivos - Nos substantivos irá acontecer exatamente a mesma coisa que nos adjetivos e eles também serão divididos entre fracos e fortes. Daqui vem algo bem interessante que existe na língua inglesa moderna, os chamados substantivos irregulares. Por exemplo, por que o plural de tooth (dente) é theet, sendo que o plural de head (cabeça) é heads? Porque havia essas diferenças maneiras aí -q.

Verbos - É praticamente a mesma coisa do que os últimos dois, tirando o fato de que o caso gramatical não se aplica a verbos, só a substantivos e adjetivos. Daqui também vêm verbos irregulares da língua inglesa moderna, como por exemplo o verbo to sing (cantar), que muda bastante em suas formas do particípio e pretérito (sing-sang-sung). 

Aqui tem um site (em inglês) que tem algumas tabelas mostrando as diferenças entre forte/fraco em adjetivos e substantivos: (www).

A ordem de palavras
Por último, mas não menos importante, temos a ordem de palavras. Como o inglês antigo era uma língua com casos gramaticais, a ordem das palavras era um pouco mais livre, uma vez que as terminações dizem mais do que a ordem das palavras em uma língua com essas coisas. Então, o anglo-saxão poderia ter frases na ordem SVO (sujeito-verbo-objeto), VSO (verbo-sujeito-objeto), VOS (verbo-objeto-sujeito), OSV (objeto-sujeito-verbo). Essas são ordens que aparecem em "Cynewulf e Cyneheard", que se não me engano é uma crônica. Aqui, nesse site (que está em inglês também aaaa), tem uns exemplos disso: www.

O inglês médio: muitas mudanças
O inglês médio (Middle English) é a forma de inglês e seus dialetos falados na época da conquista normanda da Inglaterra (isso aconteceu em 1066). É dito que esse período da língua durou de mais ou menos 1150 até 1470, ou seja, durou uma boa parte da Idade Média. Aqui ocorreram diversas mudanças na língua, desde mudanças na gramática até o vocabulário. No começo desse período de transição que é o inglês médio ainda havia muitas palavras anglo-saxãs, entretanto a gramática já tinha sofrido mudanças (os casos dativo e instrumental, por exemplo, começaram a ser representados por preposições) que ocorreram em maioria por conta da influência dos nórdicos principalmente no norte da Inglaterra.
Foi nesse período que a língua inglesa começou a sofrer mudanças e influências da língua francesa e latina (tanto até o inglês tem mais palavras francesas e latinas do que anglo-saxãs -q) e começou a se moldar para tal como a vemos hoje em dia. Vale lembrar que nessa época havia várias formas de escrita e dialetos, mas o Chancery Standard (um dialeto) foi o que ajudou a moldar uma forma mais fixa da língua inglesa e também o inglês moderno inicial. Outro dialeto, o de Northumbria, deu origem a uma língua falada na Escócia (e que eu gosto muito) chamada Scots.
Aqui abaixo tem uma música do período do inglês médio, para mostrar um pouco como essa forma do inglês soava:


(A letra está na descrição do vídeo).

THIS ISN'T MY FINAL FORM: o inglês inicial moderno
Esse aqui é o último estágio antes de chegarmos ao inglês que temos hoje em dia. Ele é como a transição do inglês médio para o inglês moderno e era essa forma da língua inglesa que era falada na Inglaterra no começo da dinastia Tudor até o Interregnum (eu não sei como é o nome disso em português) e o período da Restauração
Normalmente falantes da língua inglesa podem entender e ler obras desse período (como Shakespeare) sem maiores problemas, uma vez que essas duas formas do inglês são muito parecidas entre si, resumidamente falando.

E é isso! Não sou nenhuma especialista em inglês antigo, médio e atual, então pode ser que tenha uns erros aqui e ali, principalmente porque o que eu consultei mesmo foram as frases que usei de exemplo e tal -q. 
Essa postagem foi bem diferente do que eu trago por aqui, então espero que tenham gostado e se quiserem, posso trazer mais coisas desse tipo para cá. 
E ah, se você leu até aqui, meus parabéns, porque essa postagem ficou realmente longa -q
Até!

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